Fechamento do hospital Amélia Lins é ataque contra a saúde dos trabalhadores!

No dia 6 de Janeiro de 2025, o governo estadual de Minas Gerais, de Romeu Zema (NOVO) anunciou o fechamento do bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL) e transferiu todas as cirurgias ortopédicas e de traumas que eram feitas para o Hospital João XXIII.

Um funcionário do HMAL que não quis se identificar, disse “que a mudança dos equipamentos, levados de um hospital para outro, aconteceu sem qualquer documentação para formalizar o procedimento” segundo o monopólio de imprensa, G1. E denunciou que o resultado da transferência “é uma unidade hospitalar esvaziada de um lado e outra superlotada do outro”, no caso, o hospital João XXIII.

A justificativa para o fechamento do bloco cirúrgico do HMAL era de que os equipamentos estavam defasados e danificados, necessitando de manutenção. Mais de 230 cirurgias ortopédicas e de traumas eram realizadas por mês no Hospital Amélia Lins, revelando a importância que essa unidade hospitalar tem para o povo de Belo Horizonte, particularmente.

Um agravante é que o HMAL possui um centro cirúrgico especializado em fixadores externos Ilizarov (gaiolas), muito utilizadas em fraturas graves provocadas por traumas, comum entre motociclistas por aplicativos e as pessoas que recorrem a utilização de motos pela inexistência de um transporte público digno.

A notícia gerou revolta por parte de pacientes e trabalhadores da saúde que tiveram que lidar com a situação insustentável gerada pela decisão abrupta. Na porta do HMAL, faixas em protesto contra o fechamento do bloco cirúrgico foram colocadas.

A diretora executiva do Sindicado dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG), Neuza Freitas, destacou que “a solução para o problema não passa pela transferência de camas hospitalares de uma unidade para outra.” Questionou ainda a informação dada pelo governo estadual por meio da Fundação Hospitalar dos Estados de Minas Gerais (FHEMIG) de que o bloco cirúrgico reabria em março, relatando que o hospital estava sendo esvaziado e as camas hospitalares estavam sendo retiradas.

O questionamento de Neuza mais tarde se comprovou verdadeiro, pois no dia 7 de março o governo de Minas Gerais anunciou que o HMAL passaria a ser administrado por entidade privada ou filantrópica. Ou seja, toda a movimentação feita e o sucateamento proposital dos equipamentos da ala cirúrgica tinham como objetivo máximo a terceirização do bem público, passando para as mãos da iniciativa privada.

Entidades e personalidades denunciam sucateamento e consequências

De acordo com Dr. Bruno Pedralva (vereador pelo PT de Belo Horizonte), houveram consequências drásticas para a gigantesca maioria da população mineira: “tivemos um aumento de 285% nos registros de acidentes com fraturas nas UPAS. A PBH, na semana seguinte, fechou a fila de cirurgias eletivas na cidade. Quase 1400 cirurgias deixaram de ser realizadas para desafogar as UPAs e fazer as cirurgias de urgência”.

O Hospital João XXIII, maior pronto-socorro do estado de Minas, foi diretamente impactado pela transferência de pacientes e pelo fechamento do bloco cirúrgico no HMAL. A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou visita técnica em 17 de março de 2025, e se deparou com pacientes aguardando há vários dias nos corredores lotados dos hospitais. Uma senhora de 79 anos, relatou que estava há uma semana esperando por uma cirurgia no ombro! É um crime do governo estadual com as massas mais pobres do povo, pois calcularam muito bem os impactos que teriam ao fechar o bloco cirúrgico do HMAL. Ademais, a espera tem levado ao adoecimento psiquiátrico de muitos pacientes, demandando medicação não somente contra a dor, mas contra ansiedade, estresse e depressão, conforme relato da médica psiquiátrica Paula Aparecida Gomes.

Resistir contra a terceirização e privatização dos hospitais!

A Liga Operária defende que a luta pela saúde pública em nosso país é fruto de uma grande mobilização persistente e paciente do povo em conjunto com os trabalhadores da saúde, que sofrem todos os dias com a superlotação, a falta de condições mínimas de trabalho, e de salários insuficientes para a pesada carga de trabalho que têm.

A nova PL 2127/24 enviada pelo governo Zema tem o intuito de aprovar o Serviço Social Autônomo de Gestão Hospitalar (SSA), uma forma de terceirizar toda gestão dos hospitais da Fhemig, afrouxando qualquer tipo de fiscalização e dando poder ao governador Zema para escolher qual empresa vai gerir os hospitais.

O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde têm denunciando constantemente na ALEMG através de vigílias e outras atividades o quão nefasta será a aprovação desse Projeto de Lei para os trabalhadores e para o povo mineiro. Demissões, falta de transparência, redução na qualidade dos atendimentos, tudo isso e muito mais que já é conhecido das políticas de terceirização e privatização no Brasil.

Convocamos os trabalhadores da saúde do estado de Minas Gerais a se organizarem, seja de forma independente ou com suas entidades sindicais representativas, para denunciarem a política de sucateamento do governo Zema, exigindo maiores investimentos, e a expansão das estruturas hospitalares.

É necessário preparar uma Greve Geral de Resistência Nacional, uma grande luta unificada de todas as categorias, pelas bases, com a conformação de comandos de luta locais e forjando, em meio à luta, uma direção classita e combativa para o movimento.

Abaixo o PL 2127/24! Abaixo a terceirização dos hospitais públicos mineiros!

Pela Greve Geral de Resistência Nacional!

Liga Operária,

Belo Horizonte,

20 de Março de 2025.

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