
Reedição da nota da Liga Operária, em defesa do “Breque dos App”,
ocorrido no final de março e início de abril e foi danificada com o ataque de “Hater”.
Paralisação em, pelo menos, 59 cidades e 19 capitais reuniu milhares de “motoboys”, homens e mulheres, numa Greve Nacional amplamente convocada para os dias 31/03 e 01/04 e que se estendeu até o dia 02/04, quarta-feira. Esse foi o maior movimento da categoria desde o #BrequeDosApps em 2020, ocorrido durante a pandemia.
As principais reivindicações da categoria são: reajuste da taxa mínima por entrega, passando do valor dos atuais R$6,50, para R$10,00. Os trabalhadores exigem ainda que o quilômetro rodado suba dos atuais R$1,50 para R$ 2,50. Além do mais, reivindicam um raio máximo de três quilômetros para as entregas, especificamente aos entregadores de bicicleta.
Por todo o país a paralisação causou impacto, demonstrando a disposição de luta e a força dessa categoria, que está entre as mais precarizadas.
Na capital paulista mais de 2.000 entregadores realizaram uma vibrante motociata na Avenida Paulista. Os motociclistas se concentraram, em protesto, na frente da sede da Ifood. Revoltados, os trabalhadores bloquearam os principais shoppings da capital, impedindo a saída de pedidos via delivery. O resultado do movimento foi muito expressivo. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel SP), aqueles estabelecimentos que operam exclusivamente com o iFood tiveram queda de 100% nas entregas, enquanto aqueles que usam múltiplas plataformas registraram redução de 70% a 80% no volume de pedidos.
Justamente em São Paulo, onde o movimento alcançou grande participação dos motociclistas e se radicalizou em cenas como ”fura-greve” serem escoltados pela polícia frente a massa enfurecida, é que a postura do PT foi mais vergonhosa. Atacaram os manifestantes como “bolsonaristas” já que não aceitaram a regulamentação “proposta” pelo governo.
A proposta de Luiz Inácio foi rechaçada porque atendia única e exclusivamente os interesses das corporações imperialistas que controlam as plataformas de aplicativos de entrega, como a Ifood, pertencente ao grupo Prosus, monopólio holandês.
Enquanto isso, uma parte da direita ensaiou apoiar o movimento, mas pularam logo fora quando se depararam com as barricadas e os fura-greves com entregas sendo barrados pelos demais entregadores.
Na capital fluminense a manifestação dos motociclistas entregadores por aplicativos foi violentamente reprimida pela Polícia Militar e 12 entregadores foram arbitrária e ilegalmente detidos.
Os entregadores por aplicativos (iFood, Uber Flash e 99 Entrega, entre outros) é uma das categorias mais precarizada. Sem direitos trabalhistas e qualquer seguridade social, arriscam sua vida numa jornada de trabalho extenuante que, comumente, ultrapassam 12 horas por dia!
Essa exploração violenta é registrada até mesmo em órgãos do governo. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicada em outubro de 2023 comprovou que os motoristas de aplicativo trabalham 46 horas por semana, acima da jornada média de 39,5 horas semanais dos trabalhadores em geral. Além disso, a pesquisa revelou que os trabalhadores de aplicativo recebem R$ 13,30 por hora de trabalho, abaixo da média nacional de R$ 14,60 por hora trabalhada.
Essa é a situação de exploração extrema, humilhações, insegurança social, graves danos à saúde física e psíquica a que são submetidos, diariamente, os trabalhadores, entregadores por aplicativos.
Enquanto isso, as plataformas digitais, monopólios estrangeiros de países imperialistas, lucram bilhões e mais bilhões, protegidos pelo velho Estado semicolonial, por uma legislação e judiciário que são cúmplices dessas corporações imperialistas.
Não bastasse tudo isso, numa atitude hipócrita, de escárnio contra os entregadores, o governo de coalizão reacionário encabeçado pelo sr. presidente Luiz Inácio comete a desfaçatez de anunciar nova “linha de crédito para compra de motos”, aumentando, ainda mais, o endividamento dos entregadores, com o consequente aumento das já quase insuportáveis jornadas, comumente, de mais 12 horas de trabalho diário, de 6 a 7 dias por semana! Tudo para pagar juros exorbitantes diretamente ao imperialismo, por meio mercado financeiro, dito “mercado”, pertencentes e controlados pelos bancos e grandes acionistas, em sua maioria provenientes dos países imperialistas.
Sem dizer da indecente decisão do governo de liberar o crédito consignado pela CLT, utilizando como fundo de garantia o FGTS-Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, acabando com o que ainda resta da previdência e seguridade social num espiral de endividamento em massa, principalmente dos mais pobres, na cidade e no campo, tudo isso, a serviço da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Os entregadores demonstram demonstram a força da classe! Demonstram que, mesmo nas situações mais difíceis, é possível organizar os trabalhadores, de todos os setores! Mais uma vez, ficou demonstrado pelas ações das massas que a classe clama por uma direção genuinamente classista.
Saudamos com entusiasmo e solidariedade de classe os entregadores e os convocamos se somarem num grande movimento nacional pela deflagração da urgente Greve Geral de Resistência Nacional!
Viva a luta combativa e independente dos entregadores!
Pela imediata revogação das reformas trabalhista e previdenciária!
Rebelar-se é justo!
Liga Operária, São Paulo, 06/04/25.
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