A LIGA OPERÁRIA surgiu de nossa ruptura com o sindicalismo de Estado em setembro de 95, defendendo o caminho da luta classista e combativa e pelo combate implacável ao oportunismo, ao corporativismo, à colaboração de classes, ao legalismo e pacifismo, tão característicos deste velho e falido sindicalismo brasileiro, representado pelas atuais centrais sindicais.
Os companheiros que no ano seguinte conformariam a LIGA OPERÁRIA, participaram ativamente das tomadas de terra na cidade, da denúncia e luta contra a política de assassinatos de pobres praticada pela PM e aparato estatal. Em março de 1996, com apoio destes companheiros, é realizada a vitoriosa tomada de um terreno da prefeitura de BH, a Vila Corumbiara.
Em março de 1997, é realizado o primeiro Congresso da LIGA OPERÁRIA.
São definidos seus objetivos e princípios.
Objetivos aprovados no 1º Congresso:
1) Superar a consciência de categorias profissionais e mesmo da soma de categorias. É muito diferente. Tem-se que compreender que somos todos uma só e única classe de explorados e que as classes exploradoras exercem o poder de Estado através da lei, do parlamento, da justiça, da repressão policial/militar e da política de governo para impor e manter sua dominação. Romper o economicismo desenvolvendo o trabalho de massas nas esferas política, ideológica, cultural e orgânica suplantando o caráter meramente reivindicativo, apontando a questão do poder. Assumimos o sindicalismo como organização de caráter de resistência econômica das massas trabalhadoras e como escolas da luta de classes.
2) Desenvolver o espírito classista, articular e organizar trabalhadores da cidade e do campo (operários agrícolas), buscando desenvolver e fortalecer a organização de base, nos locais de trabalho, adotando diferentes formas de luta contra a patronal e seu aparelho estatal, demarcando sempre a via principal através da afirmação do princípio de que a “rebelar-se é justo” educando as massas a exercer este princípio de forma consciente e organizadamente.
3) Romper o atrelamento com o Estado através da coordenação da luta criando novas formas de organização e sustentação material, para superar e desmontar as máquinas burocráticas em que se transformaram os sindicatos. Estas formas podem ser diretas ou transitórias, dependendo das condições particulares de cada setor. Ir abolindo as formas obrigatórias de contribuição e desenvolvendo formas organizadas de contribuição voluntária. Ir substituindo o sistema presidencialista de direção por formas mais coletivas e de coordenação. Combater radicalmente todo tipo de desvio como carreirismo, personalismo, caudilhismo, mandonismo e todas as formas de individualismo. Liquidar o assistencialismo em discussão permanente com as massas.
4) Organizar uma corrente de solidariedade entre os trabalhadores para uni-los fortemente nos momentos de penúria. Criar os fundos de socorro mútuo.
5) Fortalecer como tarefa estratégica, a constituição da aliança operário-camponesa para lutar pela terra através do Programa Agrário, pela conquista de uma verdadeira e nova democracia. (ver sobre o problema agrário)
A LIGA OPERÁRIA parte dos seguintes princípios:
1) As massas fazem a história.
2) A luta reivindicativa é importante mas o principal é o poder.
3) Combater o oportunismo como perigo principal.
4) Rebelar-se é justo.
5) Apoiar-se nas próprias forças.
Em 15 de maio de 1997, a LIGA OPERÁRIA comandou uma grande manifestação contra a implantação da Alca e do Mercosul. Centenas de trabalhadores e estudantes tomaram as ruas do centro de Belo Horizonte. A manifestação foi marcada pela retomada do ato de queima da bandeira ianque, símbolo mais odiado pelos povos de todo o mundo. Foi marcada também pelo enfrentamento com as forças de repressão do Estado, que tiveram que recuar diante da combatividade da massa. Nesta mesma ocasião enfrentamos também a “esquerda” oportunista que se juntou ao governo FHC para defender o Mercosul como alternativa à Alca. Enquanto o protesto sacudia as ruas da cidade, os representantes da CUT e PT reuniam-se com o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso e o governador Eduardo Azeredo para um cafezinho íntimo.
Dentre as principais lutas populares em nosso país nos últimos anos, destaca-se a heróica resistência da Vila Bandeira Vermelha. Tomadas vitoriosas de um terreno da prefeitura de Betim. Este terreno, que abandonado há anos, foi retomado por 200 famílias de trabalhadores pobres, custou a vida dos companheiros operários Elder Gonçalves de Souza e Erionídes Anastácio dos Santos, assassinados por tiros disparados pela tropa da policia militar que invadiram o acampamento, no dia 26 de abril de 1999, a mando do prefeito Jésus Lima (PT). A brava resistência destas famílias contou com o apoio incondicional da LIGA OPERÁRIA, que apoiou a tomada do terreno desde seus primeiros dias.
No dia 28 de setembro de 2000, foi organizada uma Marcha Contra a Fome e a Farsa das Eleições, quando fizemos um ato contra o imperialismo ianque na porta do Escritório de Negócios no centro da capital mineira.
2001: nas comemorações do 1º de Maio, dia do Internacionalismo Proletário, a passeata organizada pela LIGA OPERÁRIA terminou em um ato anti-imperialista com manifestação de apoio ao povo palestino. Na ocasião foram queimadas a bandeira ianque e a bandeira sionista de Israel.
Na manhã do dia 10 de abril de 2003, uma grande manifestação de protesto contra a invasão ianque ao Iraque foi organizada no centro de Belo Horizonte. As bandeiras das tropas invasoras do USA e Inglaterra foram pisadas pelos trabalhadores. A polícia que investiu contra a passeata teve que recuar sob uma chuva de pedras jogadas pelos trabalhadores e populares que passavam pela Praça Sete, local do confronto, que estava em reformas e com pedras portuguesas em abundância.
Entre os dias 26 e 30 de Janeiro de 2005, a delegação da LIGA OPERÁRIA fez uma intervenção independente no Fórum Social Mundial (WSF) promovido pelo imperialismo europeu que congrega todas as correntes oportunistas nacionais e internacionais realizado em Porto Alegre. A tenda da LIGA OPERÁRIA foi referencia de seriedade, combatividade e Internacionalismo para os representantes da luta popular honestos presentes que desejavam debater realmente temas como a luta popular e anti-imperialista. Demarcando campo com o oportunismo, que impediu de todas as formas o debate, a LIGA vanguardeou uma combativa manifestação em apoio a resistência do povo iraquiano.
21 de Abril, dia da Conjuração Mineira, o governo sempre patrocina um circo para condecorar traidores do povo e alguns elementos populares (para dar algum lastro popular a sua encenação) com a chamada “Medalha da Inconfidência”. Neste ano, o Sr. Luis Inácio foi recebido com vaias e protestos, a delegação da LIGA OPERÁRIA presente no ato, esfregou na cara da comitiva presidencial uma imensa faixa contra as “Reformas” antipovo FMI/Lula, desmascarando o oportunismo e o conteúdo reacionário das políticas do governo.
Em novembro de 2005, a LIGA OPERÁRIA realiza o seu 3º Congresso, convocando todo movimento sindical classista e combativo a aprofundar um balanço histórico sobre o movimento sindical no Brasil e o estabelecimento de um programa geral da resistência dos trabalhadores.
Aliança Operário-camponesa
A LIGA OPERÁRIA, lutando pela conformação da aliança operário-camponesa, tem mobilizado entre os operários e na cidade, recursos materiais e humanos para apoio à luta dos camponeses pobres pela terra e destruição do latifúndio; para apoio à produção dos camponeses pobres e luta contra os monopólios e açambarcadores; e para a defesa, contra os ataques do latifúndio e do velho Estado, do que está sendo conquistado e construído. A construção das Ligas dos Camponeses Pobres no norte de Minas, em Rondônia, centro-oeste e outras regiões do país, caminhando para a criação de uma Liga dos Camponeses Pobres unificada em todo Brasil, é mostra do crescimento do novo movimento camponês em nosso país.
A luta pelos direitos da classe e por uma
transformação profunda no país e no mundo
A LIGA tem sustentado que o mais importante da nossa luta é a conquista do poder, ter poder, porque sem poder não poderemos ter nada a não ser ilusão. E que para isto é necessário unir as massas em torno do Programa Agrário e de Defesa dos Direitos do Povo, organizar o poder desorganizado das massas e destruir as 3 montanhas (latifúndio, grande burguesia, imperialismo) que nos oprimem e que representam o velho e podre poder. Isto significa: 1) entregar toda terra aos camponeses pobres, destruindo o latifúndio. Esta é a única condição para acabar com a fome, garantir trabalho para milhões que foram expulsos do campo para as cidades, garantir alimento barato na mesa do trabalhador. 2) Confiscar e nacionalizar todas as grandes empresas da burguesia. 3) Varrer com a dominação do imperialismo confiscando todas as propriedades das transnacionais. Derrubar as 3 montanhas e por abaixo todo aparato estatal que sustenta o velho e decadente poder das classes reacionárias e construir sobre seus escombros o novo Estado que, com a constituição de um governo de Nova Democracia, marchará de forma ininterrupta para a construção do socialismo.
Desde seu surgimento, a LIGA OPERÁRIA tem posto em prática seus objetivos proclamados. Opondo uma firme e ativa resistência ao aumento da exploração e opressão do Estado e da burguesia, que recai sobre a classe como resultado do aprofundamento da crise do capitalismo, a Liga tem rechaçado as tradicionais campanhas salariais e organizado jornadas de lutas com greves e mobilizações, com combativas manifestações e apoiado todas as lutas da classe (rodoviários, operários da construção, metalúrgicos, camelôs, perueiros, professores, petroleiros, servidores públicos, etc.). Os sindicatos ligados à LIGA confirmaram na prática a tese de que “em momentos de crise, quem menos luta mais perde”. Uma série de direitos que o sindicalismo amarelo (CUT, Força Sindical, CGT, etc.) vendeu para a burguesia (banco de horas, por exemplo) foram mantidos na área de atuação da LIGA.
No plano político a LIGA tem lutado contra o oportunismo da “esquerda” eleitoreira e contra a farsa das eleições, caminho usado pelo imperialismo para manter sua dominação.
Entrevista para jornal “Estado de São Paulo” – 27/8/2004 Jornalista Eduardo Kattah